Nossa Senhora da Assunção e São José


48- TEM QUE CHORAR!

Livro da Vida 11, 13

 

Deve-se acentuar — e o digo por experiência — que a alma que, nessa trilha da oração mental, começa a caminhar com determinação e consegue de si mesma não fazer muito caso, nem consolar-se ou desconsolar-se muito por faltarem ou não esses gostos e essa ternura, ou por lhos dar o Senhor, já venceu boa parte do caminho; e que não tenha medo de recuar, por mais que tropece, já que começou o edifício com firmes alicerces. Sim, pois o amor de Deus não está em ter lágrimas nem em ter esses gostos e essa ternura, que em geral desejamos e com os quais nos consolamos, mas em servir com justiça, força de ânimo e humildade. Isso me parece mais receber do que dar alguma coisa.

 

 Na companhia do Frei Ivo sigamos essa sua dica: "Pegue o “pincel” da sua vida e retrate essa linda gravura de alguém que está diante de Deus e que tem consciência da importância de estar junto de Deus, não pelo que está sentindo por Ele, mas por ter consciência de que Deus está olhando para você com aquele maravilhoso amor gratuito".

 

      

É encantador escutar Teresa de Jesus ao nos dizer que, quem tem verdadeira determinação na sua caminhada de oração, não fica procurando sentimentos, gostos, prazeres e que, quem tem esta determinação na oração, já fez a experiência de que o amor por Deus não está em ter lágrimas ou emoções fortes.
        Ouvindo isso de nossa Santa, recordei de um fato acontecido, já fazem muitos anos e que quero partilhar com você que acompanha este texto.
        Eu participava de um encontro religioso que iniciava na sexta-feira de noite e terminava no final do domingo.. Um destes encontros que aconteciam e ainda acontecem dentro de nossa Igreja. Encontros bons, onde tantas pessoas descobriram e despertaram para o início de uma caminhada com Deus e com a própria Igreja, começando a viver e a participar da Comunidade.
        Eram e são encontros formativos, onde se aprende tanta doutrina importante a respeito de como seguir Jesus e de como viver e conviver comunitariamente. Muitos líderes de nossas Comunidades, despertaram para este compromisso participando destes encontros motivadores.
        Porém, em algumas oportunidades, nestes encontros, houve um apelo muito forte para o emocional, para o sensitivo.
        Foi num destes encontros em que eu participava, que presenciei alguns organizadores estarem bastante preocupados com umas três pessoas, participantes daquele encontro.
        Por que desta preocupação?
        É que estas três pessoas, no final do segundo dia do encontro, ainda não tinham chorado. Isso mesmo! Os que orientavam aquele encontro perceberam que quase todos os participantes haviam chorado muito em certos momentos do encontro e que aquelas três pessoas, não tinham demonstrado por lágrimas, que estava se encontrando com Deus!
        As lágrimas, o choro, a emoção, o sentimentalismo parece que eram “fundamentais” para que a pessoa demonstrasse que o encontro estava produzindo efeito e provocando o encontro com Deus por parte das pessoas que participavam daquele momento.
        Nada de crítica negativa contra aquele encontro! 
        Simplesmente, apenas uma constatação!
       A emoção, o sentimento, a sensibilidade emotiva, tudo isso também faz parte de nossa vida, do nosso jeito de ser, de viver e nos relacionar. Negar isso, é “podar” a afetividade humana de uma pessoa. E, quem sabe, quantas vezes se falhou na educação humana e religiosa, por ignorarmos esta dimensão afetiva e, por vezes, até a negarmos a dimensão afetiva no nosso relacionamento com as pessoas e com o próprio Deus.
        Porém, não podemos condicionar o nosso relacionamento, seja com as pessoas, seja com Deus, não podemos condicionar este relacionamento ao puro sentir, ao emocional, a um sentimentalismo.

 

 


        Não se pode julgar as coisas, apenas a partir destas reações que podem ou não acontecer na vida de uma pessoa diante de certos fatos e acontecimentos. Ninguém está dentro do outro para ver o que acontece no interior daquela pessoa diante de algum fato.
        É muito importante termos isso presente, pois quando julgamos alguém apenas pelas manifestações externas que acontecem naquela pessoa, então corremos o risco de sermos tremendamente injustos.
        Veja por exemplo, duas pessoas, irmãs de sangue, que acabaram de perder sua querida mamãe. Uma delas, ao lado do corpo da mãe, chora convulsivamente esta perda e a outra está lá parada, inerte, aparentemente fria e distante. 
        Diante deste quadro, quem sabe, alguém possa pensar e até comentar: “Meu Deus, como aquela filha pode ser tão fria diante desta dor terrível que é a perda da própria mãe.” E até podemos acrescentar no nosso julgar: “Vejam como a sua irmã, sim, revela e manifesta o sofrimento pela perda, com todo aquele choro e com todas aquelas exclamações de dor.”
        Nós vemos o externo e julgamos!
        E, de repente, aquela irmã que estava lá quieta, inerte, fria, pode ser que ela esteja sofrendo imensamente mais do que a outra, pois ela não consegue exteriorizar toda a dor que carrega dentro do seu peito. Ela está lá, com aquele nó na garganta, mas não consegue expressar toda a imensa dor que existe dentro dela pela perda daquela mãe que ela tanto ama.
        O nosso relacionamento com Deus, na nossa oração, não depende do que sentimos, das nossas lágrimas, das nossas emoções. A oração da gente, nos diz Teresa de Jesus, não depende do muito falar, mas sim, do muito amar.”
        Não pense que a sua oração não tem validade, só porque você, muitas vezes, reza... reza... e  nada sente!
        Mas, também, não pense que a sua oração é a melhor do mundo, porque em algumas oportunidades você se sente emocionado e chega até às lágrimas diante de Jesus!”
        Pegue o “pincel” da sua vida e retrate essa linda gravura de alguém que está diante de Deus e que tem consciência da importância de estar junto de Deus, não pelo que está sentindo por Ele, mas por ter consciência de que Deus está olhando para você com aquele maravilhoso amor gratuito.

Ivo Bortoluz OCD

 


                                                                    Vamos rezar com as Irmãs...
 

                                                                         

Ó Santa Teresa caminhai conosco 
para daí seguirmos contigo...

“Isso me parece mais receber do que dar alguma coisa”
“pois o amor de Deus não está em ter lá¬grimas nem em ter esses gostos e essa ternura, que em geral desejamos e com os quais nos consolamos, mas em servir com justiça, força de ânimo e hu¬mildade. Isso me parece mais receber do que dar alguma coisa”.
Senhor Jesus não permitais que sejamos confundidos por falsas idéias e nos deixemos levar por sentimentos e conceitos que encobrem a feliz e libertadora palavra de verdade da Santa Madre Teresa: “servir com justiça, força de ânimo e humildade”. Amém