Nossa Senhora da Assunção e São José


36- MISERICÓRDIA E DESPOJAMENTO

Livro da Vida 10, 8

 

8- E por pensar que vossa mercê e os outros que o virem haverão de fazer o que peço, pelo amor de Deus, escrevo com liberdade; se assim não fosse, eu teria grandes escrúpulos, não para falar dos meus pecados, que nesse aspecto não tenho nenhum. Quanto ao mais, basta-me ser mulher para estar restrita, ainda mais sendo mulher e ruim. Assim, o que ultrapassar a simples narrativa da minha vida, tome-o vossa mercê para si — já que tanto me importunou para que eu indicasse as graças que Deus me faz na oração —, caso esteja em conformidade com as verdades da nossa santa fé católica; se não o estiver, que vossa mercê o queime logo, que a isso me sujeito. E direi o que se passa comigo para que, respeitada a fé, possa vossa mercê tirar disso algum proveito e, caso contrário, para que desenganeis a minha alma, e para que o demônio não ganhe onde eu penso ganhar; pois o Senhor já sabe, como depois direi, que sempre procurei buscar quem me dê luz.

 


Iluminados pela Misericórdia de Deus, pintemos nossa tela, sob as orientações e dicas do nosso amigo e irmão Frei Ivo...

 

Esta maravilhosa mulher, Mãe e Mestra, Teresa de Jesus nos mostra que quando se cultiva um coração misericordioso, se é capaz de viver um completo despojamento para fazer aquilo que, verdadeiramente, agrada ao Senhor.
        Por obediência, ela escreve os relatos e fatos que lhe tem acontecido.
        Mas, ao mesmo tempo, sem nenhuma prepotência, ela deixa que as autoridades se sintam totalmente livres para acabarem com o que ela lhes entrega, se eles sentirem e perceberem, que o que ela escreveu não tem nenhuma utilidade.


        O que Teresa quer fazer é, pura e simplesmente, que o Senhor seja mais amado.
        O que Teresa quer é que o demônio não a engane! 
Como? 
Que Teresa fique pensando que ela está fazendo algo de muito bom e útil, quando na verdade, ela está procurando apenas uma recompensa por tudo o que vem fazendo.
        Teresa de Jesus une a misericórdia ao despojamento. Porque cultiva um coração misericordioso, Teresa nada busca para si. Apenas quer a glória do Senhor.
        Na verdade, o caminho da misericórdia passa pelo caminho do despojamento!



        Quanto mais despojada for uma pessoa, tanto mais possibilidade de cultivar um coração misericordioso ela terá!
        Quanto mais despojada for uma pessoa, tanto mais livre ela se sentirá para fazer o bem a todos, sem se importar em julgar se as pessoas a quem ela faz o bem, são ou não merecedoras deste bem que a elas está sendo feito.
        

Quanto mais despojada for uma pessoa, tanto mais feliz esta pessoa se sentirá, pois uma pessoa totalmente despojada, nunca busca recompensa ou reconhecimento pelo que faz ou realiza. Ela se sente plenamente feliz por ter esta imensa graça de poder amar, de poder fazer o bem.
        



E quando uma pessoa, despojada de tudo, sente esta alegria de viver o amor na gratuidade, então essa pessoa está praticando dentro dela esta maravilhosa arte de saber cultivar um coração misericordioso.
        Quando uma pessoa é despojada de tudo, necessariamente ela se torna misericordiosa para com todos, não encontrando razões para julgar ou para condenar. 
        Uma outra Teresa, a de Calcutá, nos diz: “Quem julga as pessoas, não tem tempo para amá-las.”

 

  

     Quando uma pessoa é despojada de tudo, necessariamente ela vive a misericórdia de sempre se perguntar: “o que eu posso fazer para que as pessoas sejam mais felizes?” Se Deus me proporcionou um encontro com esta ou com aquela pessoa, eu não posso ficar indiferente para com ela. Sempre devo me perguntar: “Por que Deus colocou esta pessoa minha vida?”
        E Teresa de Calcutá, no seu incrível amor misericordioso nos diz: “Não devemos permitir que alguém saia de nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz.”

 

      

 Teresa de Jesus, uma mulher maravilhosa que fez experiências fantásticas da misericórdia de Deus em sua vida.
        Teresa de Jesus, uma mulher que por amor, soube se despojar totalmente, para em tudo revelar e manifestar a misericórdia de Deus.
        Teresa de Jesus que, com seu jeito de ser e de viver, ainda nos questiona sobre o nosso modo de ser e de viver.

 


        Até onde eu vivo o despojamento? O que me impede de ser totalmente livre para amar com misericórdia? O que faz com que eu não seja misericordioso e deixe de amar, por ocupar todo meu tempo em julgar e condenar?
        Pegue o “pincel” e retrate na “tela de sua vida” esta maravilhosa arte do despojamento. 
Olhe para esta tela e contemple nela a alegria de ser uma pessoa misericordiosa, por ser uma pessoa que descobriu que é feliz pelo simples fato de amar.

 


 

 

Frei Ivo Bortoluz OCD

 


                                                                    Vamos rezar com as Irmãs...
 

                                                                         

Ó Santa Teresa caminhai conosco 
para daí seguirmos contigo...

Bom Deus, dai-nos um coração misericordioso, eis o que pedimos neste mês dedicado às Missões e em que celebramos Santa Teresa, neste Ano Santo da Misericórdia. 
“E quando uma pessoa, despojada de tudo, sente esta alegria de viver o amor na gratuidade, então essa pessoa está praticando dentro dela esta maravilhosa arte de saber cultivar um coração misericordioso”. Dai-nos olhos abertos e coração decidido de caminhar despojados de qualquer ambição mesquinha e imagens falsas de amor e serviço, para amarmos e servirmos em todo o tempo e lugar, animados pelo ideal de tornar tudo melhor para todos.  “ a alegria de ser uma pessoa misericordiosa, por ser uma pessoa que descobriu que é feliz pelo simples fato de amar”. Amém.