Nossa Senhora da Assunção e São José


Deus é livre em sua escolha

Irmã Maria Celina do Menino Jesus

Percebia a diferença. . .

Sou uma feliz religiosa carmelita descalça, muito realizada e não me canso de agradecer a Deus a insigne graça de tão sublime vocação.

Nasci em São Paulo, meus pais, irmãos e toda a família eram protestantes, da Assembléia de Deus. Meu pai era pastor; minha casa era como que um centro de encontro dos crentes.

Desde os 6 anos, quando ia com meus irmãos - éramos dez - para a escola dominical, ao passarmos pela Igreja Católica, eu sentia verdadeira atração, muitas vezes conseguia fugir, e entrava na Igreja em plena missa, ficando abismada com tudo o que via.

Percebia uma diferença entre a igreja protestante e a Igreja Católica. Quando entrava na Igreja Católica tinha uma sensação de plenitude.  Sentia e via, então, como que o "verdadeiro Jesus" é a Verdade.

Meu pai percebeu meu procedimento, começou a me castigar severamente, humilhando-me diante dos irmãos e dos crentes, privando-me dos passeios da família, etc.

Assim mesmo era obrigada a acompanhar a todos, quando iam à igreja. Ao entrar na Escola Primária, comecei a tomar parte nas aulas de religião católica, causando admiração a minha professora, a qual conhecia toda a minha família; também aos meus irmãos e primos, brigavam comigo.

 Clandestinamente. . .

Aos 12 anos, clandestinamente, procurei um sacerdote e uma família católica, pedindo que me ajudassem, pois queria ser batizada. O sacerdote que ouviu minhas confidências, examinou-me e achando-me bem preparada, batizou-me e deu-me a Primeira Comunhão.

Senti tanta felicidade, que chegando em casa, quase não consegui esconder minha celeste alegria, por ter recebido Jesus Eucaristíco e ser católica. Só depois de um ano minha família soube do ocorrido. Meu pai ficou tão indignado, que mudou para outra cidade, podendo, assim, esconder sua "vergonha". Nessa cidade nunca deixei de ir à missa.

O pai não me aceitou mais em casa...

Aos 17 anos, um dia voltando meu pai de sua igreja, não me encontrou em casa e ficou sabendo, que eu tinha ido à missa. Ficou tão indignado, nessa manhã, que não me aceitou mais em casa.  Minha pobre mãe, sofrendo, levou-me a outra cidade para a casa de uns amigos.

Nessa ocasião, Dom Jorge  bispo de Santo André SP, querendo abrir uma casa para crianças abandonadas, ofereceu-me para junto com algumas moças mais velhas e piedosas, tomarmos a direção da nova casa.

Lá fiquei até minha entrada para o Carmelo.

A alegria do Batismo para mim perdura até hoje.

Desde aquela época, senti o chamado para a vida claustral, já queria o Carmelo.

 Aos 20 anos. . .

Completando 20 anos, sabendo que nessa idade meu pai não poderia tirar-me à força do Convento, entrei para o Carmelo na Capital de São Paulo. Dois anos depois, sendo noviça, saí daquele Mosteiro para a Fundação do Carmelo de Curitiba Pr.

 Passados 20 anos. . .

 Passados 20 anos, meu pai, estando muito doente do coração, sentindo remorsos do que fez, veio visitar-me, com grande sacrifício por causa de sua saúde. Pediu-me perdão humildemente e ficou amigo de todas as Irmãs da comunidade. Algum tempo depois, faleceu, conformado com minha vocação religiosa, mas ainda chamando-me.

Maria Santíssima a quem muitíssimo amo. . .

Hoje depois de tantos anos vividos no Carmelo, sinto ainda a mesma emoção e gratidão para com Deus e Maria Santíssima, a quem muitíssimo amo, a mesma felicidade que senti no dia do meu Batismo e da primeira Comunhão, quando como disse acima, recebi a graça da vocação ao Carmelo, e quando me tornei católica, apostólica, romana.