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Isso aconteceu comigo quando eu procurava que outras pessoas fizessem oração — por isso o entendo. De um lado, elas me viam enaltecer o grande bem que é isso e, de outro, me viam viver sem virtudes, embora eu me exercitasse nelas. Por isso, ficavam perplexas e tentadas, como depois me disseram. Elas estavam cobertas de razão, porque não entendiam como era possível conciliar coisas tão opostas. Por minha causa, não tomavam por mal o que de fato o era, porque tinham boa opinião de mim e me viam agir assim algumas vezes.
Nisso consiste a astúcia do demônio, que usa nossas virtudes e boas qualidades para promover o mais que pode o mal que pretende fazer; por menor que este seja, ele lucra bastante quando se vive em comunidade. Ainda mais que o mal que eu fazia era enorme. Com efeito, em muitos anos, só três pessoas se beneficiaram do que eu lhes dizia. Mais tarde, quando o Senhor já me tinha dado mais forças na prática da virtude, em dois ou três anos muitas outras progrediram, como adiante direi. Há, além disso, outro grande inconveniente, a perda da alma. Sobretudo no princípio, ela só deve se preocupar consigo mesma e pensar que na terra há apenas Deus e ela; isso lhe fará grande bem.
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Neste texto de Santa Teresa, acima colocado, encontramos uma orientação muito sábia e segura. Nossa Santa noz diz que, nesta caminhada de oração e da busca de intimidade com Deus,precisamos saber respeitar a caminhada dos outros que convivem conosco.
Cada pessoa é uma pessoa diferente e, portanto, mesmo que, nesta caminhada de oração,a gente tenha a mesma finalidade, que é a busca de intimidade com Deus, os caminhos podem e com certeza, serão diferentes.
Creio que podemos dizer, sem medo de errar, que cada pessoa pode e deve fazer uma caminhada de oração e de intimidade com Deus, de uma maneira muito pessoal e própria.
Claro que todos vamos buscar tantos e tão diferentes ensinamentos nos mestres de oração e de intimidade com Deus que a Igreja nos apresenta como modelos de como se deve fazer esta caminhada.
Porém, isso não quer dizer que eu deva viver do jeito que estes mestres de oração viveram.
Vamos, sim, buscar luzes que nos iluminem e clareiem nossa caminhada. Porém, a caminhada é algo que eu devo construir a partir da minha experiência e do meu encontro pessoal com a pessoa de Jesus.
Com toda a certeza, São Pedro e São Paulo, em tudo sempre buscaram seguir a Jesus Cristo. Porém, cada um deles fazia e fez essa caminhada do seu jeito e do seu modo, conforme a experiência do encontro pessoal com Jesus Cristo.
Viver isso é muito importante. Porém, nem sempre é fácil, pois nos custa aceitar a caminhada do outro. Na verdade, gostaríamos que o outro caminhasse do jeito que eu caminho e do jeito que eu lhe mostro a caminhada a ser feita.
O mundo evolui... os tempos mudam... as relações vão se modificando também...
E é dentro deste mundo que nós precisamos viver o amor. O Amor é e será sempre o mesmo! Porém, o modo de amar o Amor, esse precisa se adaptar aos diferentes momentos da vida que vai sendo vivida.
Papa Francisco nos diz que “a Igreja não é um museu para manter ou preservar. É, sim, um lugar onde o povo santo de Deus avança”. E o Papa ainda acrescenta que, “a Igreja não deve ser um tacanhomuseu de memórias, mas precisa ter a coragem de mudar, se for isso o que Deus quiser”.
Precisamos ter o cuidado para não confundirmos “fidelidade” com “formalidade”.
Eu diria que, como carmelita, ser fiel ao carisma do Carmelo que Teresa nos deixou, não é viver hoje, do jeito que Teresa viveu a mais de 500 anos passados. Ser fiel ao Carisma que Teresa nos deixou, é viver hoje, do jeito que Teresa viveria, se ela estivesse neste nosso mundo de hoje.
Pegue o “pincel” e retrate numa bela e sugestiva tela da vida, a maravilhosa paisagem, onde vê estampada esta linda frase: “Numa caminhada de oração e de experiência de intimidade com Deus, não podemos mais dar respostas antigas para perguntas novas. Precisamos, sim, dar respostas novas, para perguntas antigas”.
Saber viver e praticar isso, é descobrir que saber respeitar, é um jeito bonito de amar.
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