Acho que essa maneira de caminhar aparenta-se a querer conciliar corpo e alma, para não se perder o descanso aqui e ir ao céu fruir as delícias de Deus. Isso de fato acontecerá se nos apegarmos à justiça e à virtude. Mas é um passo curto, com o qual jamais chegaremos à liberdade de espírito. É muito correto para pessoas casadas, que devem viver de acordo com a vocação. Mas, para outro estado, de forma alguma desejo essa maneira de aproveitar, nem me farão crer que é boa, porque já a experimentei e teria ficado no mesmo ponto se o Senhor, com a Sua bondade, não me tivesse ensinado outro caminho.
É verdade que, no tocante aos desejos, os meus sempre foram grandes. Eu, contudo, procurava fazer o que disse: ter oração e viver ao bel-prazer. Acredito que, se tivesse quem me ensinasse, eu teria feito esforços para pôr em prática os desejos. Mas, pelos nossos pecados, há tão poucos, tão raros, que não têm demasiada discrição nesse caso que penso ser essa, em grande parte, a razão de os principiantes não se elevarem mais depressa à grande perfeição; porque o Senhor nunca falta nem cria impedimentos — nós somos os culpados e miseráveis.
|
O Papa Francisco nos diz: “Não podemos querer seguir a Jesus, deixando a cruz de lado”.
Um ditado popular nos alerta: “Cuidado! Quem procura um Cristo sem a cruz, corre o risco de encontrar uma cruz sem o Cristo”.
E nossa querida Santa nos transmite sua experiência dizendo: “Eu procurava fazer o que disse, ter oração e viver ao bel prazer.”
Na verdade, nesta caminhada com Jesus Cristo, precisamos ter e praticar a radicalidade de um seguimento, vivendo esta difícil e libertadora arte do desapego.
O tesouro descoberto, é uma escolha: se você escolheu seguir Jesus Cristo, que seu coração seja aberto para a renúncia e para abraçar o tesouro necessário.
Nosso Papa Francisco, numa linda, simples e profunda reflexão, assim nos diz: Jesus se dirige à multidão é diz: “Se alguém quer me seguir, renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me”.
Este convite, conforme Francisco, é o sinal de que, para seguirmos Jesus, necessitamos de “assumir a própria cruz e acompanhá-Lo no caminho incômodo, que não é do sucesso ou o da glória passageira, mas o que conduz à verdadeira liberdade, que liberta do egoísmo e do pecado”.
E Francisco ainda diz: “Implica em rejeitar firmemente a mentalidade mundana que coloca o próprio “eu” e seus interesses no centro da existência e perder a própria vida por Cristo e o Evangelho, recebendo esta mesma vida de volta, realizada, renovada e autêntica”.
Para Francisco, “este é o caminho que conduz à ressurreição”.
Segundo Francisco, três coisas são necessárias para se seguir a Jesus Cristo de um modo verdadeiro, sincero e autêntico:
A primeira é a de que, quem se decide seguir Jesus, tem que ter uma união muito forte com Ele. De verdade, não dá para seguir Jesus de uma maneira “mais ou menos”! Ou somos ou não somos!
É o próprio Jesus que nos diz: “Já que vocês não foram frios, nem quentes, mas mornos, eu vos vomitarei pela minha boca”.
A segunda é a de que, quem se decide seguir Jesus, tem que saber cultivar uma escuta atenta e assídua de sua Palavra. Saber escutar e ouvir a Deus na Bíblia e na Vida. Alimentados pela Palavra, precisamos tornar realidade o que cantamos com tanto entusiasmo, em tantos e tantos momentos de nossas vidas: “Brilhe a vossa luz, brilhe para sempre, sejam luminosas vossas mãos e mentes”!
A terceira é a de que, quem se decide seguir Jesus, precisa da graça dos Sacramentos.
Participar dos Sacramentos é termos consciência de que, para superarmos nossas limitações e fraquezas e para enfrentarmos tantos e tão diferentes tipos de tentações que encontramos nesta caminhada com Jesus, precisamos desta vida eclesial e sacramental.
Não dá para querer seguir Jesus sem Igreja.
O nosso seguimento de Jesus, sempre deve acontecer dentro da vida comunitária eclesial, para podermos superar certos “individualismos espirituais”, que nada mais são do que um jeito “mascarado” de dizer que se está seguindo Jesus, quando na verdade, pode-se estar “usando” de Jesus para se fazer e se aparentar coisas que não são verdadeiras e nem reais.
Pegue o “pincel” e tente retratar na tela de sua vida esta linda mensagem de Jesus: “Quem quiser me seguir, tome a sua cruz, renuncie a si mesmo e siga-me.”
E olhando para esta tela, escute o que nos diz o Papa Francisco: ‘‘Jesus nos quer santos e não espera que nos conformemos com uma existência medíocre, aguada e liquefeita’’ (Alegrai-vos e Exultai)
|