Nossa Senhora da Assunção e São José


58- JEITO HUMANO DE VIVER!

Livro da Vida 13, 1

 

Creio ser necessário falar de algumas tentações, que experimentei, que ocorrem no princípio, bem como alertar para coisas que me parecem importantes.
No princípio, deve-se ter alegria e liberdade, não acreditando, ao contrário do que dizem algumas pessoas, que um pouco de descuido destrói a devoção. É bom temer a si mesmo, não confiando em si, para não se pôr em situações nas quais se ofenda a Deus; isso é deveras necessário até que a virtude assente sólidas raízes na alma. E não há muitos que alcançam tal estado que, em ocasiões favoráveis aos seus apetites naturais, possam se descuidar, visto que, enquanto vivermos, e até por humildade, é bom conhecer a nossa natureza miserável. Mas há muitas ocasiões em que se pode, como eu disse, espairecer um pouco para voltar à oração com mais fervor. Em tudo é preciso ter discrição.

 

 

 "No princípio, deve-se ter alegria e liberdade, não acreditando, ao contrário do que dizem algumas pessoas, que um pouco de descuido destrói a devoção". Com esta disposição até o pincel pode correr melhor sobre a tela, pintemos orientados por essas palavras, sob as orientações do Frei Ivo, 

 

          
Ao ler o texto da Santa, acima colocado, pensei: “Este é um jeito humano de viver!
    É muito interessante que Teresa diga que a gente tem que ter todo o cuidado nesta caminhada que a gente quer fazer, especialmente no início.
    Porém, ela coloca um alerta: “Cuidado em querer que tudo saia e aconteça de jeito que você preparou e do jeito que você planejou.”
Espero e peço a Deus a graça de não estar interpretando mau o que Teresa nos deixou. Parece-me que é fantástico ouvir a Santa falar desse jeito. 
Tentando traduzir, me parece que Teresa diz: “Olhem, se vocês querem fazer uma caminhada bonita e fiel, façam tudo da melhor maneira possível. Caprichem mesmo, em tudo aquilo que vocês se propuserem a fazer nesta caminhada. Façam como se o resultado dependesse totalmente apenas de vocês.

 


Porém, magistralmente, Teresa acrescenta: “É bom temer a si mesmo, não confiando em si, para não se pôr em situações nas quais se ofenda a Deus; isso é deveras necessário até que a virtude assente sólidas raízes na alma.” 
E ainda acrescenta: “E não há muitos que alcançam tal estado que, em ocasiões favoráveis aos seus apetites naturais, possam se descuidar, visto que, enquanto vivermos, e até por humildade, é bom conhecer a nossa natureza miserável.”
Sabiamente, Teresa de Jesus, coloca que essa caminhada deve ser feita com seriedade e compromisso. Porém, Teresa nos mostra que esta seriedade e sinceridade devem ser vividas de um jeito leve e suave nesta caminhada, isto é, tendo presente que se algo não sai tão bem como planejamos e projetamos; que a gente não deve desanimar.
Olhemos bem para o que nos diz Teresa de Jesus: “ Mas há muitas ocasiões em que se pode, como eu disse, espairecer um pouco para voltar à oração com mais fervor.”
Linda esta expressão da Santa: “Espairecer um pouco, para voltar a oração com mais fervor.”
Teresa de Jesus nos mostra que não somos nós, pela nossa força de vontade, que conseguimos chegar a fazer uma experiência profunda de Deus. Pelo contrário, nas entrelinhas, dá para perceber que Teresa de Jesus quer nos diz: “Parem de viver esta caminhada com tanta tensão. Por que vocês querem fazer esta caminhada como se vocês fossem os autores da mesma. Não! Vocês são apenas pessoas que Deus escolheu e ele vai vos dando a graça. A vocês cabe apena cooperar, colaborar. Não fiquem gastando energias bobamente.”

 

 


Teresa nos mostra que o nosso Deus é o “Deus da Paz” e nunca da “Angústia.”
Ela quer que nossa caminhada de oração seja sim, uma caminha perseverante, determinada, corajosa, mas nunca uma caminha angustiante ou que nos tire a paz por termos momentos nos quais não sentimos esta presença sensível de Deus.
Pegue o “pincel de sua determinação” e comece a retratar na “tela da sua vida” esta pessoa que está aí, determinada, sim, mas sabendo se abandonar em Deus e deixar que Ele vá atuando na sua caminhada.

Frei Ivo Bortoluz OCD

 


                                                                    Vamos rezar com as Irmãs...
 

                                                                         

Ó Santa Teresa de Deus amada,
grande amiga do Senhor, dá-nos sede de Deus...

 

Iluminados pelas palavras de Santa Teresa, concede-nos Senhor as graças que necessitamos para trilhar os caminhos da vida cristã com alegria e confiança, vivendo por Vossa bondade e auxílio como “pessoas que Deus escolheu e vai vos dando a graça, a quem cabem apenas cooperar, colaborar”. Amém.