AMOR GATUITO!
Este lindo texto de Santa Teresa nos apresenta algo de fundamental na nossa caminhada humana e cristã: descobrir, sentir e viver a alegria de poder amar.

Sim, alegria de poder amar!
Parece que descobrir esta alegria de poder amar é uma coisa tão simples e tão fácil, não é mesmo?
Na verdade, só parece, mas não é!
Vivemos num mundo e numa sociedade onde nossas relações, sempre ou quase sempre, se tornam relações de dar e de receber. E se por acaso eu faço algo para alguém e nada recebo de volta, aí fica dentro de mim um sentimento de que o outro foi injusto para comigo, pois eu fiz tudo aquilo para ele e ele nada me deu como reconhecimento pelo meu amor, pela minha doação.
Você e eu já passamos por esta experiência, não é mesmo?

Quantas vezes você faz alguma coisa por alguém e esse alguém não é capaz de dizer nem sequer um obrigado a você. Nesse momento, se instala dentro de você, uma dor chata por causa da ingratidão daquela pessoa!
Quantas vezes você faz um trabalho bonito. E as pessoas olham aquele trabalho. Chegam até a achar aquele trabalho bonito. Elogiam o trabalho. Mas, ninguém se lembra de ir cumprimentar você por aquele trabalho realizado. Nesse momento se instala dentro de você aquela dor chata de não se sentir valorizado e reconhecido.

E assim as coisas vão se repetindo!
Na vida, como é difícil de se viver um amor totalmente gratuito!
Como é difícil amar e perseverar no amor, mesmo que a gente não receba retorno pelo amor dado e oferecido!
Como é difícil você continuar a realizar algo com alegria, quando isso que você realiza não é nem percebido e nem notado pelos outros!
 
Teresa de Jesus nos diz que na nossa oração e no nosso relacionamento com Deus, nós precisamos descobrir, sentir e viver a alegria de podermos tentar “tirar a água do poço”, mesmo que nossos trabalhos não tragam frutos e cheguem a parecer tempo perdido.

Ter presente este ensinamento de Teresa de Jesus é fundamental, pois o poder do mal nos tenta precisamente nesse ponto.
Quantas vezes você está na oração e não consegue se concentrar... sua imaginação fica viajando para longe de onde você se encontra... todos os problemas que você tem na vida, parece que todos eles estão presentes na sua cabeça e no seu coração naquele momento... E assim vai...
Nestas horas, bate uma terrível tentação: “Por que ficar aqui perdendo tempo? Melhor do que ficar aqui perdendo tempo, eu vou sair deste ambiente de oração e vou ler um livro de espiritualidade ou vou fazer algo por alguém.”


Cuidado! Muito cuidado com esta tentação!
Quando a gente se coloca diante de Deus, em atitude orante, não importa o que a gente está pensando... não importa se você está meditando... não importa se você está contemplando... não importa se você está lutando contra as distrações...
O que importa é de que você está ali por causa d’Ele!

Nesses momentos você tem que saber deixar Deus olhar para você, mesmo que você não O sinta, mesmo que você não O perceba.
Perseverar sem sentir nenhum consolo... Perseverar sem sentir nenhuma alegria... Perseverar sem sentir nenhum prazer... Perseverar mesmo no meio da aridez e da escuridão...
Perseverar aqui, nestes momentos, é viver o amor gratuito!

É descobrir a alegria de poder estar diante de Deus! É sentir a alegria de ter a imensa graça de poder amar a um Deus que sempre me ama, mesmo que naqueles momentos, eu não consiga fazer nenhuma experiência do amor de Deus por mim.
Perseverar é um jeito bonito de amar gratuitamente!

Pegue o pincel de sua vida e tente retratar esta maravilhosa paisagem, de alguém que está imensamente feliz, por sentir a alegria de poder amar, mesmo que não sinta nenhuma recompensa por esse amor!

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