Vejamos agora a maneira de regar, para sabermos o que fazer e o quanto isso nos há de custar; verificar se o lucro é maior do que o esforço e o tempo que o trabalho levará. Parece-me que é possível regar de quatro maneiras:
— tirando a água de um poço, o que nos parece grande trabalho;
— tirá-la com nora e alcatruzes movidos por um torno; assim o fiz algumas vezes: dá menos trabalho que a outra e produz mais água;
— trazê-la de um rio ou arroio; rega-se muito melhor, a terra fica bem molhada, não é preciso regar com tanta freqüência e o jardineiro faz menos esforço;
— contar com chuvas freqüentes; neste caso, o Senhor rega, sem nenhum trabalho nosso, sendo esta maneira incomparavelmente melhor do que as outras.
8. Agora, apliquemos à oração essas quatro maneiras de regar, com as quais haveremos de conservar o jardim, que, sem ser irrigado, perecerá. Com esta comparação acredito poder explicar algo dos quatro graus de oração em que o Senhor, pela sua bondade, pôs algumas vezes a minha alma. Queira a Sua bondade que eu o diga de um modo que traga proveito a uma das pessoas que me mandaram escrever, porque o Senhor, em quatro meses, a fez avançar mais do que eu consegui em dezessete anos. Essa pessoa se dispôs melhor do que eu e, assim, rega sem trabalho seu vergel com essas quatro águas, embora a última só lhe venha gota a gota; mas, a prosseguir assim, logo estará mergulhada nela, com a ajuda do Senhor, e gostarei que ria se lhe parecer disparatada a minha forma de dizer.
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“Uma coisa é rezar. Outra coisa, é fazer orações”! (Papa Francisco)
“Precisamos de mais Oração e de menos orações”! (Bernardo Hering)
Teresa de Jesus nos apresenta um lindo e prático jeito de rezar.

Nos mostra como podemos rezar mais e melhor, com mais profundidade e verdade, quem sabe com menor esforço e com mais proveito para nós mesmos e pelo bem da Igreja e da humanidade.

Na verdade, às vezes, fazemos muitas orações e temos pouca Oração.
Parece até que medimos a eficácia de nossa oração pela imensidão de palavras que pronunciamos. Achamos que Deus vai nos ouvir e atender pela quantidade de coisas que rezamos, ou pela beleza com que fazemos a oração ou ainda, pelo modo solene com que invocamos ao Senhor.

E nada disso é verdadeiro.
É certo que nós precisamos de algumas “ferramentas” importantes para rezar, para entrar em contato com Deus.
É muito bom termos um ambiente que nos crie um clima de oração.
É muito importante sabermos nos colocar diante de Deus, envolvidos numa atmosfera de oração.
É muito importante que a gente saiba colocar-se em atitude de oração.
Claro que todos estes “ingredientes” são importantes para a uma verdadeira oração.
Porém, me parece que o mais importante de tudo na oração é o sabermos abrir o nosso coração, para o coração de Deus.

Rezar é acima de tudo, conversa íntima de coração para coração.
Rezar é tocar no coração de Deus e deixar Deus tocar no nosso coração.

Rezar é entrar em sintonia com Deus e nesta sintonia deixar-se envolver pelo amor do Amado, “numa simples e solene dança de amor”, sentindo que Ele está aí, me acolhendo, me cuidando, me escutando, me ouvindo, me atendendo, me afagando.
Rezar é deixar que Deus tome a iniciativa de fazer cair esta “chuva” de graças para dentro do meu viver e é saber deixar-se inundar por esta “chuva bendita”, na qual Deus vai “regando” o meu coração.

Rezar é contemplar! Sim! Simplesmente contemplar a beleza, a bondade, a ternura, a misericórdia deste Deus que me ama infinitamente.
Rezar é “tocar” a Deus para, depois, ter forças de “tocar na carne de Cristo”, indo ao encontro dos mais sofridos, dos mais pobres, dos mais abandonados”.
Rezar é amar, mas acima de tudo, rezar é deixar-se amar por Deus!
Sim! Nada é mais “gostoso” do que deixar-se envolver por este amor misericordioso de Deus e descobrir e sentir que Deus é um Pai que me ama sempre.
Sim, Deus me ama sempre!
Me ama, até mesmo naqueles momentos em que eu não entendo o jeito que Ele tem para me amar!

Pegue o “pincel” e no “quadro da vida”, retrate esta maravilhosa cena do encontro de dois corações que se comunicam num “fantástico laço de amor”!

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