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"Não procure as humildades, de que pretendo falar, de certas pessoas que crêem ser humilde
não compreender que o Senhor vai lhes concedendo dons.
Entendamos, como deve ser, que Deus no-los dá sem nenhum merecimento nosso,
e agradeçamos a Sua Majestade; porque, se não reconhecermos que recebemos,
não vamos despertar para amar. Uma coisa é certa: quanto mais vemos que estamos ricos, sabendo que somos pobres, tanto maior o nosso aproveitamento e ainda mais
verdadeira a humildade.
O resto é abater o ânimo por pensar que não se é capaz de obter grandes bens se,
começando o Senhor a dá-los, a alma se atemoriza com medo da vaidade.
Acreditemos que Aquele que nos dá os bens nos concederá a graça para que,
começando o demônio a tentar-nos nesse aspecto, nós o entendamos e nos fortaleçamos
para resistir-lhe; isto é, se andarmos com retidão diante de Deus,
voltados para contentar apenas a Ele, e não aos homens".
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Magnífico o que Teresa nos diz no texto acima colocado.
Lindo o jeito com que Teresa nos descreve o modo como Deus vai atuando em nossas vidas.
Profética a forma com que Teresa nos alerta sobre como seremos gratos a Deus, por sentirmos como somos ricos, mesmo sabendo que somos tão pobres.
É incrível o “olho clínico” de Teresa quando nos diz que precisamos estar alertas para com o “demônio”, pois ele vai nos tentar dizendo que nós não merecemos tudo isso que recebemos e vai querer nos convencer de que aquilo que sentimos nada mais é do que pura vaidade.
Como devemos ser “simples como as pombas, mas espertos como as serpentes”, para não cairmos nesta “armadilha” do inimigo.
É certo que podemos errar por acharmos que somos “os tais”, que somos “os bons”, que somos “os imprescindíveis”! É claro que podemos cair neste pecado “bobo” do orgulho, da vaidade e da soberba de acharmos que somos insubstituíveis!
Tudo isso nada mais é do que usar mal da inteligência que Deus nos deu!
“Como muito bem diz alguém, “o cemitério está cheio de gente insubstituível!”
Porém, precisamos também ser “espertos” no sentido de não deixarmos que o “tentador” nos faça entender que não devemos e não podemos realizar uma porção de coisas,
por ser isso vaidade, orgulho, soberba.
Se de Deus eu recebi dons, qualidades e talentos, eu devo frutificar estes dons, estas qualidades e estes talentos. Eu não posso, em nome de uma “falsa humildade”, me anular
e viver me inferiorizando.
Na verdade, eu tenho que viver tudo com uma humildade que me faça tomar consciência de que eu não sou, nem melhor e nem pior do que ninguém. Uma humildade que me faça ver que eu apenas sou diferente, pois sou único diante de Deus. Não existe outra pessoa igual a mim e, portanto, tudo o que eu realizar e fizer, tudo vai ser de um jeito original, isto é,
do meu jeito, do meu modo, da minha maneira.
Por vezes, podemos cair numa “falsa humildade”, que nada mais é do que uma “capa de humildade” que esconde um verdadeiro “poço” de orgulho, de soberba e de vaidade.
Se alguém me diz: “Nossa! Como você canta bem!” Ou se alguém me elogia dizendo:
“Nossa! Como você sabe se comunicar bem numa palestra!” Ou, ainda, se alguém me elogiar
por qualquer coisa que eu fiz e realizei, eu devo ficar muito contente e feliz.
Eu devo agradecer a pessoa que me elogiou. Eu não posso ficar dizendo para essa pessoa:
“O que é isso! Bondade sua! Eu não fiz nada mais do que a minha obrigação!”
Se você agir desse jeito, pode ser que você consiga enganar a pessoa que o elogiou e até que ela saia impressionada com sua “humildade!” Porém, no fundo você sabe que o que ela acha ser humildade sua, nada mais é do que um orgulho, uma vaidade disfarçada.
Fique feliz com o elogio recebido. Porém, depois, na sua oração repasse todo esse elogio para aquele que é a “Fonte da Misericórdia.” É desta “Fonte da Misericórdia” que você recebe todas as qualidades, dons e talentos. É desta “Fonte da Misericórdia” que você ganha de graça, de presente, tudo o que você é e faz.
Na verdade, você é pura e simplesmente o “pincel” nas mãos desta “Fonte da Misericórdia.”
O autor do quadro e da beleza contida naquela obra não é você.
O autor desta obra é a “Divina Misericórdia” que escolheu você como instrumento
para fazer o bem e para evangelizar, dando a você estes dons, qualidades e talentos.
Por isso mesmo, use bem da inteligência que Deus lhe deu e tenha consciência
de que você é muito importante, na medida em que você souber ser
este “maravilhoso pincel” que tudo recebe desta “Fonte da Misericórdia.”
Frei Ivo Bortoluz OCD
Vamos rezar com as Irmãs...
Ó Santa Teresa caminhai conosco
para daí seguirmos contigo...
Senhor Jesus neste Ano Santo da Misericórdia, nos ensinas hoje pela vida e palavras de Santa Teresa: "Entendamos, como deve ser, que Deus no-los dá sem nenhum merecimento nosso (os dons), e agradeçamos a Sua Majestade; porque, se não reconhecermos que recebemos,
não vamos despertar para amar".
Nossa prece é que esse ensinamento de Teresa sobre a verdadeira humildade
seja a nossa tela de fundo de todos os dias, quando tomamos o pincel nas mãos em cada novo amanhecer para pintar nossa história sob o olhar misericordioso de Deus.
Rezemos por isso com Teresa:"Acreditemos que Aquele que nos dá os bens
nos concederá a graça para que, começando o demônio a tentar-nos nesse aspecto, nós o entendamos e nos fortaleçamospara resistir-lhe; isto é,
se andarmos com retidão diante de Deus,
voltados para contentar apenas a Ele, e não aos homens". Amém
Santa Teresa de Jesus: Rogai por nós.
Amém.
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