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7. Não entendo isto de medo nos que temem começar a ter oração mental, nem sei porque o hão-de ter. Bem no-lo sabe meter o demónio para nos fazer mal de verdade, se com medos me faz não pensar em que ofendi a Deus, no muito que Lhe devo, em que há inferno e há glória, e nos grandes trabalhos e dores que passou por mim.
Esta foi toda a minha oração, quando andava nestes perigos. Nisto pensava quando podia; e muitas, muitas vezes, durante alguns anos, tinha mais conta em desejar que se acabasse a hora que eu tinha para mim determinado de ali estar e em escutar quando batia o relógio, do que em outras coisas boas. Bastas vezes não sei que penitência grave se me poderia oferecer que eu não a fizesse de melhor vontade que recolher-me a ter oração.
E certo é que era tão incomportável a força que o demónio me fazia ou o meu mau costume para que não fosse à oração, e a tristeza que me dava em entrando no oratório que, para me forçar, era preciso valer-me de todo o meu ânimo que dizem não é pequeno. E tem-se visto mo ter dado Deus muito mais que de mulher (senão que o tenho empregado mal) e por fim, ajudava-me o Senhor.
Depois de eu me ter assim forçado, achava-me com mais quietude e regalo do que algumas vezes que tinha desejo de rezar.
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Gosto muito do texto do evangelho, onde Jesus diz: “Vocês tem que ser simples como as pombas, mas espertos como as serpentes.” Mt 10,16b)
São tantas as vezes em que desanimamos de continuarmos sendo bons e de continuarmos fazendo o bem, porque caímos na tentação de achar que não vale a pena toda esta perseverança. Achamos que é melhor buscarmos outras coisas para realizar e deixamos de lado aquilo de bom que estávamos fazendo, só porque não somos perseverantes.
Teresa de Jesus é fantástica quando nos diz que “o demônio sabe muito bem de que jeito colocar medo na gente, quando nós iniciamos uma caminhada de oração, para que a gente abandone esse caminho.”
Nós precisamos ter a humildade de sabermos quem nós somos, pois só a partir disso é que iremos perseverar no caminho da oração e no caminho do bem.
E ter essa humildade é ser “esperto” do jeito que Jesus nos pede e ensina.
Quantas vezes, você está em oração e dentro de você vem aquela tristeza, aquela dor, aquele sofrimento de você pensar: “Deus é tão bom comigo, mas eu não sei corresponder a tanto amor que Ele tem por mim!” E aí, você desanima e acaba largando a oração, achando que você deve viver esta intimidade com Deus de outro modo, sendo melhor e lutando, com suas próprias forças e iniciativas, achando que o caminho para Deus é você quem deve construir.
E me parece que é aqui que a gente deixa de ser “esperto” do jeito que Jesus nos pede, pois abandonamos a oração porque queremos chegar a Deus ou a intimidade com Deus a partir dos nossos sonhos, de nossos ideais, de nossos projetos.
O monge beneditino, Anselm Grun, nos diz: “No monaquismo, para conhecerem o verdadeiro Deus e irem ao seu encontro, os primeiros monges começaram convivendo com as próprias paixões, começaram pelo conhecimento de si próprios.” E ele cita Evágrio Pôntico que diz: “Se queres chegar ao conhecimento de Deus, trata antes de conhecer-te a ti mesmo.”
E Anselm Grun complementa dizendo: “O subir até Deus passa pelo descer até a própria realidade e pelo chegar às profundezas do inconsciente. A espiritualidade de baixo não vê o caminho para Deus como estrada de mão única que nos leva sempre em frente, em direção a Deus. Pelo contrário, o caminho para Deus passa por erros e rodeios, pelo fracasso e pela decepção consigo mesmo. O que me abre para Deus não é, em primeiro lugar, a minha virtude, mas, sim, as minhas fraquezas, minha incapacidade, ou mesmo o meu pecado.”
Muitas vezes, tanta gente “certinha” demais, quem sabe não esteja sendo lá muito “esperta”, pois gastam tantas energias em alcançar seus sonhos e projetos e esquecem de combater o tentador, aceitando com humildade todas as limitações que fazem parte da vida de quem verdadeiramente quer caminhar com Jesus.
Ser uma pessoa “esperta”, não é passar ninguém para trás, mas também, é não deixar que o tentador passe você para trás, tirando você do verdadeiro caminho para se encontrar com Deus.
Pegue o “pincel da esperteza evangélica” e deixe que Deus vá pintando o “quadro de sua vida,” para que este quadro apresente a maravilhosa imagem de Deus que se torna íntimo de você, porque você se aceita do jeito que você é e com isso descobre a infinita misericórdia deste Deus que habita em você.
Frei Ivo Bortoluz OCD
Vamos rezar com as Irmãs...
Ó Santa Teresa de Jesus
caminhai conosco,
para daí seguirmos contigo...
Ó Bom Deus sobre o movimento do pincel de nosso irmão e amigo Frei Ivo nós ouvimos o Teu ensinamento: "Nós precisamos ter a humildade de sabermos quem nós somos, pois só a partir disso é que iremos perseverar no caminho da oração e no caminho do bem".
Não há dúvida e meio termos nesta afirmação. Olhando para Teresa ouvindo de seus lábios ensinamentos tão preclaros, suplicamos que por Vossa graça e Misericórdia, caminhemos, avançando sob a Vossa Luz e Misericórdia.
Amém.
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Com o Frei Ivo, na agilidade e fervor de um bom pincel , deslizemos com arte sobre a tela da nossa vida...