Nossa Senhora da Assunção e São José


13 - Pintando nossa vida com Teresa... A sinceridade de uma inquieta.

Livro da Vida 6,4

 

4. Ficou-me o desejo da solidão; amiga de tratar e falar de Deus que, se eu encontrava com quem, mais contento e recreação me dava que toda a delicadeza -ou grosseria, para melhor dizer - da conversação do mundo. Comungar e confessar-me muito mais amiúde e desejá-lo; amicíssima de ler bons livros; um grandíssimo arrependimento em ter ofendido a Deus que, muitas vezes me recordo não ousava ter oração porque temia - como a um grande castigo - a grandíssima pena que havia de sentir de O ter ofendido. Isto foi-me depois crescendo em tal extremo, que não sei a que compare este tormento. E jamais foi -nem pouco nem muito - por temor; mas, como me lembrava dos regalos que o Senhor me fazia na oração e o muito que Lhe devia e via quão mal Lho pagava, não o podia sofrer. Enojava-me em extremo das muitas lágrimas que pela culpa chorava, quando via a minha pouca emenda, pois nem bastavam determinações nem a mágoa em que me via, para não voltar a cair quando me punha na ocasião. Pareciam-me ser lágrimas enganosas e parecia-me ser depois maior a culpa, porque via a grande mercê que me fazia o Senhor em mas dar com tão grande arrependimento. Procurava confessar-me dentre em breve e, a meu parecer, fazia da minha parte o que podia para voltar a estar em graça.

Todo o mal vinha de eu não cortar pela raiz as ocasiões e nos confessores que pouco me ajudavam; dizendo-me o perigo em que andava e a obrigação que tinha em não ter aqueles tratos, creio, sem dúvida, que tudo se remediaria; porque de nenhum modo sofreria andar em pecado mortal um só dia, se eu o entendesse.

Todos estes sinais de temor de Deus me vieram com a oração e o maior era o ir envolvido em amor, porque não se me punha diante o castigo. Todo o tempo que estive tão mal me durou a muita guarda de consciência quanto a pecados mortais. Oh! valha-me Deus; desejava saúde para mais O servir e foi causa de todo o meu mal!

 

Que tal pegar o “pincel”
da sinceridade
e dar uns bons retoques
no “quadro” de sua vida... afirmações do Frei Ivo, na sua companhia sigamos!

 

O texto de Teresa que está acima exposto nos mostra a maravilha de uma pessoa inquieta e que sempre caminha com sinceridade para fazer o melhor e fazer tudo da melhor maneira possível.

Teresa tem consciência de que existem coisas no seu viver que ela poderia fazer de um jeito diferente e sofre quando se dá conta que com este jeito de agir ela está ofendendo o seu Amado Senhor.

Teresa se arrepende quando pensa que está perdendo tempo com certas coisas que não levam a nada, a não ser, perder tempo e a esvaziar-se no seu interior.



                                

Teresa também é muito sincera quando diz que ela sabia que precisava cortar o mal pela raiz, mas que ela colocava alguns “paliativos” e de verdade, o problema continuava, pois estes “paliativos” eram uma forma de enganar-se a si mesma.

Teresa também é muito leal e sincera quando diz que se ela tivesse confessores que a ajudassem mais e melhor, muitas coisas ela teria evitado ou deixado de fazer. Mas, como estes confessores não lhe dizem ou exigiam uma atitude mais radical, ela foi levando a vida desse mesmo jeito.

O lindo em todos estes pontos que eu me atrevi a escrever sobre Teresa, o lindo em tudo isso é que Teresa toma consciência de que precisa mudar. E esta tomada de consciência faz com que ela exclame: “Todos estes sinais de temor a Deus vieram-me com a oração; e, melhor que tudo, o amor substituiu o temor, sem que eu me lembrasse do castigo.”

É encantador ver a alma de Teresa agindo deste jeito. É maravilhoso ver esta mulher buscando uma fidelidade sempre maior e mais profunda. É apaixonante ver o quanto Teresa se torna humana, nas suas lutas, e ao mesmo tempo, o quanto ela sabe que não pode deixar de lado a imensidão de graças que recebe do Senhor.

É emocionante ver esta mulher, correndo em busca do perdão sacramental, para poder voltar a viver na alegria da graça de Deus. Nossa querida Santa tinha algo de muito especial dentro dela e dentro de sua caminhada: era uma pessoa inquieta que buscava com sinceridade ser sempre melhor. Ela nunca se acomodou, achando que do jeito que estava, estava tudo muito bem. Ela tinha a sensibilidade de sentir suas falhas, suas limitações e seus pecados. Mas, ao mesmo tempo, ela tinha a humildade de reconhecer estas falhas e buscar a graça de perdão.

Olhando para Teresa, quem sabe, precisemos praticar um pouco mais esta sincera inquietação. Uma inquietação que nos leve a tomar consciência de que precisamos mudar; modificar, nos converter, se quiser agradar ao Senhor. Sinceridade de reconhecer que a culpa mora dentro de nós e de não ficarmos buscando mil e uma razões para apontar os outros como os causadores de nossa vida não estar sendo tão legal.


                                                         

Que tal pegar o “pincel” da sinceridade e dar uns bons retoques no “quadro” de sua vida, para que este “quadro” possa transmitir uma verdade tão bonita e evangélica e que o Papa Francisco nos alerta para ela quando diz: “Só segue verdadeiramente Jesus, quem tem a humildade de reconhecer que é pecador.”

Frei Ivo Bortoluz OCD

 


                                                                    Vamos rezar com as Irmãs...
 

                                                                         

Ó Santa Teresa caminhai conosco para daí
seguirmos contigo...

Concedei-nos ó Deus que meditando demoradamente sobre esses textos, possamos enfim rendidos pelo amor, abraçar a alegria que emana da sinceridade encerrada em cada palavra. E assim conquistados e iluminados pela verdade “de que uma pessoa inquieta que busca com sinceridade ser sempre melhor”, é feliz e faz os outros felizes.

Amém.