Nossa Senhora da Assunção e São José


9- Pintando nossa vida com Teresa ... Sozinho não se vai longe

Livro da Vida 4,7a e b

Teresa vem falar-nos...

7. Quando eu ia, aquele tio que morava, como eu disse, no caminho, me deu um livro; chamava-se Terceiro Abecedário e ensinava a oração de recolhimento.10 Nesse primeiro ano, eu havia lido bons livros (pois não quis mais usar outros, visto que já entendia o mal que me tinham causado), mas não sabia como agir na oração nem no recolhimento, e por isso aquele livro me deu grande alegria. Decidi seguir aquele caminho com todas as minhas forças.11 Naquela época, o Senhor já me tinha dado o dom das lágrimas, e, como eu gostava de ler, comecei a ter momentos de solidão, a confessar-me com freqüência e a seguir aquele caminho, tendo o referido livro por mestre. Outro mestre, isto é, algum confessor que me entendesse, busquei durante vinte anos, mas não o encontrei, o que me prejudicou e me fez retroceder muitas vezes, podendo ter me levado à ruína total. Se tivesse tido um confessor, eu teria sido ajudada em evitar as ocasiões de ofender a Deus.

Sua Majestade começou a me dar tantas graças desde o início que, ao fim do tempo que ali passei (aproximadamente nove meses de solidão; não vi­­via tão livre de ofender a Deus como o livro recomendava, mas passava por cima disso; parecia-me quase impossível evitar tudo; tinha cuidado para não co­meter pecados mortais, e quisera Deus que sempre o tivesse tido; dos ve­­niais, eu fazia pouco caso, e foi isso o que me destruiu)…12 me concedia tan­ta força para seguir esse caminho que me agraciava com a oração de quie­tude e até de união. Eu ainda não compreendia nenhuma dessas coisas, nem quanto mereciam ser prezadas; teria sido um grande bem compreendê-lo. É verdade que a oração de união durava muito pouco, talvez menos do que uma ave-maria. Causava, no entanto, efeitos tão grandes que eu, com me­­nos de vinte anos de idade,13 tinha a impressão de estar pairando acima do mun­do. Lembro que lastimava quem seguia as coisas do mundo, embora lícitas.

 


Vamos tomar nosso pincel nas mãos, na companhia de Frei Ivo, vamos traçar novas linhas para nossa caminhada ...

 

Existe um ditado popular que diz: “Sozinho, você pode ir mais depressa. Porém, juntos, vamos muito mais longe.”

Teresa de Jesus nos mostra esta realidade quando ela nos diz que nós precisamos de um confessor, de um orientador que nos ajude na caminhada. Ela chega a afirmar que é muito importante escolher bem um confessor ou orientador, pois ela muito foi prejudicada por não ter tido um bom confessor ou orientador. Diz Teresa que se ela tivesse tido um bom confessor, isso a teria ajudado muito a evitar ocasiões de ofender a Deus.

Aqui encontramos um ótimo conselho para nossa vida e nossa caminhada espiritual. Nesta caminha, sempre precisamos de alguém que nos escute, que nos oriente, que nos aconselhe e que possa ir nos apontando de que modo podemos e devemos fazer a caminhada.

O confessor ou o orientador nunca farão a caminhada em nosso lugar. Porém, eles serão muito importantes para nos dar as dicas de como podemos e devemos caminhar. O orientador ou confessor, não são a solução de nossos problemas, porém sempre podem nos ajudar a encontrar estas soluções que procuramos e que buscamos.

O confessor ou orientador espiritual sempre é um sinal que vai nos apontando qual o caminho que devemos seguir.

No nosso relacionamento com esta pessoa que procuramos, sempre precisamos ter algumas atitudes fundamentais para que este auxílio nos ajude a caminhar bem e nos ajude a buscar aquilo que Deus quer de nós.

 

Em 1º lugar, eu preciso ter uma certa empatia com a pessoa que busco como confessor ou orientador. Se não existir esta empatia, fica um pouco difícil de haver, de minha parte, uma abertura de confiança com a pessoa que escolhi para me orientar.

Em 2º lugar, eu preciso me sentir totalmente livre, para abrir para esta pessoa escolhida, o meu interior. Se eu não tenho confiança nesta pessoa, vai ficar muito difícil que eu consiga abrir minha alma a este orientador e, como conseqüência, se não existir esta abertura de minha alma a ele, eu não conseguirei fazer uma caminhada de libertação.

Em 3º lugar, cuidado para não buscar um orientador que seja sempre bonzinho, que sempre concorde com você, que sempre “passe a mão sobre sua cabeça.” É preciso termos presente de que, por mais imparciais que sejamos, nós vivemos e contamos a história e os fatos sucedidos, a partir da nossa experiência pessoal. Por isso mesmo, é muito importante encontrarmos um orientador que nos fale, a partir de fora do problema, isto é, que não esteja envolvido emocionalmente no problema e com isso, ele pode ver melhor aquilo que estamos enfrentando e aquilo que precisamos para superar aquele problema.

Em 4º lugar, cuidado para não ficar trocando constantemente de orientador, só porque você não concorda com aquilo que ele exige de você. Quando se muda muito de orientador, geralmente é porque não se quer mudar muito de vida! Olhe bem: não adianta você ir ao médico, consultar, pegar a receita médica, comprar os remédios, se, depois, você não toma estes remédios. Agindo assim, você nunca vai melhorar. Da mesma forma, não adianta você se orientar, escutar a palavra do orientador, se você não tenta colocar em prática aquilo que ele lhe orienta vivenciar.

Todos nós sabemos o quanto é difícil de abrirmos este lugar sagrado que é o nosso interior. Claro que não podemos e nem devemos abrir o nosso interior para todo o mundo. Porém, para a pessoa que eu busco para me orientar, não posso guardar reserva nenhuma. Ou, eu quero realmente melhorar, ou então, não adianta perder tempo e fazer esta outra pessoa perder tempo comigo.


                            
Olhando para a humildade de nossa grande Teresa de Jesus e vendo o quanto ela sentia necessidade de pessoas que soubessem bem orientá-la, procure ser este “humilde pincel” que saiba se deixar orientar com verdade e que saiba deixar Deus fazer de sua vida um lindo “quadro” onde apareça esta maravilhosa paisagem de um Deus que vai conduzindo você pelo caminho da santidade.

 

Frei Ivo Bortoluz OCD

 


                                                                    Vamos rezar com as Irmãs...